segunda-feira, 18 de maio de 2015

Avengers: Age of Ultron




O que dizer sobre um filme assistido e louvado por todo o mundo e que já ultrapassou a marca de US$ 1 bilhão? Bom, acredito que eu tenha ainda uma ou outra coisa para dizer sobre esse filme no qual investi a quantia de R$ 15,00!

Assisti a todos os filmes da Marvel/Disney e, por isso, não esperava nada de muito profundo e engrandecedor em Age of Ultron, somente mais um Blockbuster com muitos socos, explosões e mais daquele papo “os amigos são a família que escolhemos e temos de nos manter unidos e compreender uns aos outros” de sempre!

Mas não! Age of Ultron não só foi além do clichê de sempre como criou uma nova categoria de clichês. Depois de ter assistido em uma confortável poltrona de cinema com um nada confortável óculos para o 3D (que foi totalmente desnecessário no filme) longíssimas 2h21 de filme depois, eu posso dizer, com toda a certeza, que sinto mesmo por este mundo! Ele está irremediavelmente perdido se é realmente verdade que ninguém achou este filme um lixo tão grande quanto eu achei e uma gigantesca perda de tempo de vida... Em 2h21 eu poderia ter feito tantas coisas...

Logo nos primeiros minutos consegui entender porque Robert Downey Jr. teve de ser convencido por tanto tempo (e ter sido necessário somar tanto dinheiro em seu bolso) para fazer o filme. As piadinhas de fundo, que são tradicionais nos filmes da Marvel, saíram do fundo e estavam tão ativas que mais pareciam um Stand Up Comedy (só faltaram as risadas de fundo das sitcoms). Os tais vingadores mais pareciam os SuperAmigos, só que bem mais infantis. Vamos por partes para entender quem é quem no filme:


Hulk/Dr. Banner: Dobermann adestrado/nerd assexuado
Viúva Negra: pós adolescente com traumas de infância ocasionando um complexo de Electra/louca para casar
Arqueiro: pai de família
Homem de Ferro: lunático que mete o pé pelas mãos em dois filmes seguidos
Thor: parecia estar sentindo falta do irmão já que quase não apareceu, ficou fora um tempão e ninguém percebeu...
Cap. América: ficou em casa vendo tv e comendo pipoca (se fosse eu, teria feito o mesmo!)


Para elevar a ideia de protetores do planeta, resolveram deixar todos os seres humanos retardados. Veja bem, em uma cena em que o Hulk fica raivoso e fora de controle e parte para esmagar tudo em algum lugar da África, Stark faz de tudo para proteger as indefesas pessoas que estão paradas a 2 metros de distância do Hulk...
Agora me diga, é mesmo passível de credulidade que alguém em sã consciência vá ficar pertinho de um enorme monstro verde descontrolado só aguardando ser esmagada? Resposta óbvia, não é?
Se o exemplo com um monstro verde não cabe em nossa realidade vamos alterar então! Ao invés do verdinho temos então um homem com uma metralhadora no centro do Rio de Janeiro. Eu bem sei que em 5 seg. já não tem mais ninguém em um raio de 100 metros!

Entende? Não faz sentido! O Mesmo ocorre em Sokóvia, lar dos Super Gêmeos ATIVAR! A cidade está literalmente ascendendo ao céu! Mas ela não sobe de uma vez, claro! Sobe aos poucos, e mesmo assim, os heróis têm de salvar pessoas que estão à beira da cidade (precipício), seja a pé ou em seus carros... Hein? Uma mãe desnaturada que é salva esquece-se de pegar o filho (!), que estava junto dela na lanchonete (!) e é incapaz de levantar suas nádegas do enorme barco/avião em que se encontrava e pede que um herói vá buscar a criança (não se fazem mesmo mais mães como antigamente!)...
Sabe, exemplos clichês como esses recheiam o filme!


Mas nem tudo foram espinhos! Teve momentos realmente engraçados (dois!)! O primeiro foi na visita a um país não identificado na África onde um vilão mau como um pica pau, interpretado pelo maravilhoso Andy Serkis (não sabe quem é? Gollum, lembrou?), e enquanto estavam por lá todos os personagens do filme, a câmera passa por uns galões onde estava escrito “Lixo Tóxico” porque, por pior que seja, ninguém é assim tão mau a ponto de não fazer coleta seletiva ...

Outro bom momento que me fez rir feito louca, foi em Sokóvia (cidade fictícia localizada em algum lugar dos Bálcãs), quando o gêmeo macho (faço a menor ideia do nome desse rapaz quase tão apagado quanto o Cap. América) já do lado do bem, vai até o hospital avisar que serão atacados e que todos têm de correr e irem embora. O mesmo o faz em inglês! Faz sentido o rapaz local, que obviamente fala a língua local, pois tem o sotaque carregado em suas falas em inglês, dar o recado a seus conterrâneos em inglês? Gente, era só uma frase, realmente custaria tanto assim fazer as pessoas que assistem ao filme lerem uma legenda de uma pequena frase?


Nick Fury, general sem exército, também dá uma passada pelo filme. A S.H.I.E.L.D. acabou, mas isso não é motivo suficiente para que ele perca todos os poderes e acessos privilegiados aos brinquedos caros da organização. Pareceu mais que a dissolução da S.H.I.E.L.D. no filme anterior foi somente para que eu ele pudesse tirar umas férias e esticar um pouco as pernas no revigorante ar do interior...


Até entendo que para a maioria das pessoas minhas reclamações sobre o filme não foram notadas e são sem importância, mas detesto ser feita de idiota e quando saí do cinema, foi assim que me senti. Durante 2h21 me deixaram sentada e pensaram por mim mastigando bastante a cada minuto! Realmente não gostei dessa sensação!

O filme tem vááárias outras coisas que eu poderia dizer em demérito do mesmo, mas sinceramente, acho que já chega! Ele nem vale tanto empenho assim... 


domingo, 17 de maio de 2015

Nightbreed





O filme Nightbreed foi lançado em 1990, mas bem que poderia ter sido lançado nos anos 80 por toda a aura que carrega. No Brasil, foi lançado com o nome traduzido para “Raça das Trevas” (traduttore traditore...) e é um filme de Clive Barker (roteiro e direção). Se você não sabe quem é Clive Barker só digo um nome: Hellraiser. Não te diz nada? Então pode cantar em outra freguesia porque este blog é exclusivamente para humanos!


Para os humanos que permaneceram, este filme conta a história de Aaron Boone que desde criança era atormentado por pesadelos de uma terra de monstros chamada “Midian”.  Já adulto, após um longo acompanhamento psiquiátrico, conta com o apoio de sua namorada Lori e já tendo aceitado que seus pesadelos não são reais, vive uma vida normal. Entretanto, um dia, recebe ligações de seu antigo psiquiatra, Dr. Philip K. Decker, desejando vê-lo. Relutante, aceita marcar um encontro com o mesmo que surpreendentemente o acusa de ter cometido vários assassinatos, pois os mesmos transcorreram de forma análoga aos pesadelos que teve por toda a sua vida.





Boone acaba sofrendo um acidente e, no hospital, conhece um lunático que conhece onde se localiza a entrada para Midian. Ele então ruma para lá e abandona a vida que possuía anteriormente. Conhece os seres do local, criaturas da noite sensíveis ao sol, é aceito como parte do grupo e lá passa a ser conhecido como Cabal.

Todavia, sua namorada não aceita muito bem seu sumiço e decide procurá-lo. E contrariando todas as expectativas consegue mesmo encontrá-lo. Mas quando ele se torna Cabal ele fica com uma cara bem bonita como esta aqui embaixo:




Não ligando para miudezas estéticas e professando seu amor incondicional, Lori consegue mudar a ideia de Boone de se juntar às criaturas da noite. Mas, o responsável pelos assassinatos dos quais Boone havia sido acusado, tem o intuito de destruir as criaturas e, tendo localizado Midian, juntamente com a força policial, resolve atacá-los. As criaturas vencem no final, mas muitos são perdidos na luta.

A história do filme foi adaptada do livro Cabal (1988), de Barker, e teve sua continuação na HQ em 1990. Algo muito relevante no filme é que o Dr. Decker é interpretado por David Cronenberg, um maravilhoso cineasta culpado por algumas obras do cinema como A Mosca, The Dead Zone e, mais recentemente, Cosmópolis.

Taí um filme super animador para se assistir que não será um tempo perdido! Assim como outras maravilhosas obras do cinema, acabou sendo perdido nas brumas do passado, mas estamos aqui para lembrar e disseminar o que não deve ser esquecido.

sábado, 16 de maio de 2015

Enter the Void






Há quem odeie ou ame os filmes de Gaspar Noé. Não há, porém, quem assista a algum filme dele e não reaja de uma forma extrema. Esse diretor realiza filmes extremos, filmes enervantes, dramáticos, escatológicos e nos leva a sentir sua obra.


Gaspar Noé é argentino, entretanto eu o classificaria como um híbrido francês/argentino. Tendo ele sua formação de cinema na Lumière e suas produções sendo realizadas em sua maioria em território europeu, conseguiu captar o melhor do latino e miscigená-lo ao cinema francês. Uma mistura que, sem dúvidas, não ajudou a deixar seu trabalho morno.


Entre sua “estreia” com o curta Carne, aclamado em Cannes, e sua sequência Seul Contre Tous, que angariou vários prêmios e Irreversível com a cena de estupro mais chocante de todos os tempos, dá para se ter uma ideia sobre suas obras. Entretanto, cito aqui a obra que fez com que eu me surpreendesse enormemente, coisa que anda muito difícil ultimamente, diga-se de passagem...


Enter the Void é uma viagem. Literalmente, aliás, void significa vazio, na astronomia seria um espaço vazio entre filamentos que contém poucas ou nenhuma galáxia. Acredito que no filme o vazio seria relativo ao tempo e ao espaço que acabam se alterando em sua sequência. Este filme de 2009 teve roteiro e direção de Gaspar Noé e narra a história de dois irmãos que vivem juntos em Tokyo. Linda é dançarina em uma casa noturna e Oscar acaba se tornando um traficante. Podemos dizer que o filme se inicia na metade e se direciona para o fim, tendo, entretanto, no meio os flashs do início que não foi mostrado anteriormente e que nos permite compreender os dois irmãos. Se minha pífia explicação pareceu confusa, espera só para assistir ao filme!


Oscar é assassinado poucos minutos após o início do filme e acaba tendo sua alma presa no Void, poderíamos dizer em uma bad trip já que ele havia injetado ácido pouco antes e estava ainda em uma “viagem”. É feito também um paralelo com o Livro Tibetano dos Mortos que seria mais ou menos um guia post mortem, neste momento entre a morte e o renascimento.



Já conhecendo a visceralidade do diretor, espera-se muito sexo, alguns momentos escatológicos, mortes bem traumáticas e podemos inserir neste hall a cena do aborto que Linda faz do feto, fruto de seu relacionamento com seu namorado, dono da boate em que trabalha. A fotografia do filme é muito particular e os jogos de câmeras são um espetáculo à parte. Conseguimos nos sentir dentro do personagem em alguns momentos, e posso dizer que é uma experiência, no mínimo, diferente. Pendendo para claustrofóbica...


Não há como sair incólume ao assistir a um filme como este. Entre uma viagem freneticamente psicodélica é possível analisar determinados aspectos da vida e apreender nuances desconhecidas para nós, pobre ocidentais que somos.