Quando eu era criança não
existiam os CD’s. Ouvíamos discos de vinil ou fitas k7, comprados em lojas de
discos. Lembro que algumas pessoas os chamavam de 78 rotações (RPM) o que para
mim era um grande mistério, só descobri sobre as rotações quando os CD’s já
existiam...
A fragilidade do LP era algo que
contribuiu para o seu declínio. Enquanto os CD’s eram pequenos e guardados em
caixas de acrílico, o LP era grande e guardado em uma capa de papelão, bastante
frágil. O tocador de discos funcionando com uma agulha para o som poder se
disseminar acabava, facilmente, arranhando um disco. Normalmente em uma festa sempre
algum tio bêbado se apoiava na vitrola e lá se ia uma faixa do disco. Ou então
alguém, ou estabanado, ou sob o efeito do álcool (o grande vilão da
fragilidade), colocava a agulha sobre o disco com força demais e... lá se ia a
pobre faixa do vinil, ou pior, a agulha. Preciso lembrar o que acontecia com as
fitas k7’s e o pesadelo que era conseguir tirar a fita enrolada no cabeçote sem
rasgá-la? Sem contar que depois que enrolava uma vez... era para sempre!
Os LP’s não eram baratos, assim
como os CD’s também não o eram, mas a novidade que prometia um som limpo, uma
qualidade fonográfica tão superior ao nosso antigo vinil, fez as pessoas
preferirem, obviamente, o CD aos sons imperfeitos do LP. Não há, porém, como
negar que a graça de ouvir música em casa era justamente aquele som imperfeito,
abafado que tinha o vinil e que nos transportava a lugares que o CD com seu som
claro e límpido, nunca serão capazes!
Ultimamente se tornou cult gravar discos também em vinil e o
preço de uma vitrola está pela hora da morte. Contudo, por mais que eu desdenhe
de modismos, este me fez feliz. Faço parte da resistência do vinil e nunca
entreguei os pontos. Afinal, ouvir as 9 sinfonias de Beethoven no vinil faz
toda a diferença. Manter essa chama do LP ocorre mais por uma questão de
saudosismo e, claro, preferência pessoal, do que por uma crença maluca de que o
vinil se reerguerá das cinzas, como a fênix. Tudo muda tão rápido que hoje em
dia ninguém mais compra CD, só ouve pela internet e isso não vai regredir, mas
o vinil como uma opção para determinados momentos... Sou toda ouvidos!