Uma pessoa muito sábia, e muito
querida, certa vez me disse que quando o filme é bom, ele fica passando na nossa
cabeça várias e várias vezes, não termina assim que acaba. Foi essa a sensação
que tive ao assistir alguns filmes, a última vez foi ao assistir “O Labirinto
do Fauno” (2006).
Estranho mesmo assistir a um
filme dessa categoria quase 10 anos após seu lançamento, ainda mais sendo um
filme de um cara que prezo tanto como é o caso de Guillermo Del Toro. Del Toro
não só dirige o filme, mas escreveu o roteiro e também produziu o filme. Então
por que não tê-lo assistido antes?
Pois é... na realidade como era
este um filme que eu, com certeza, gostaria muito, meio que esperei pelo
“momento certo” para assistir. E este momento finalmente chegou!
São tantas as particularidades
desse filme que para analisá-lo de uma forma completa seriam necessárias várias
páginas, o que não caberia aqui, obviamente. Ainda assim, preciso comentar
sobre este filme.
A história se passa na Espanha
franquista, 1944, quase no final da Guerra. Ophelia é uma menina apaixonada por
contos de fadas que vai com sua mãe, grávida, para o acampamento militar onde
se encontra o novo marido de sua mãe, capitão Vidal.
Ophelia encontra uma fada na
floresta é guiada por ela para um labirinto de pedra onde ela encontra o fauno.
A criatura conta então que sua alma é a da princesa do submundo que havia
fugido há muitos e muitos anos e aquele labirinto era o último portal que
restava para que a princesa pudesse voltar ao seu lar e para seu pai.
A carga emocional dos personagens
é algo muito interessante de notar. Ophelia perdeu o pai pouco tempo antes e
sua mãe, que ela amava como a ninguém mais, se casou com o homem mais odioso
possível. A mãe nutria um grande amor por Ophelia e, por isso, se dispôs a
casar com o homem que julgou ser um porto seguro para ambas. O capitão era um
homem com muitos traumas de infância, criado por um homem que entendemos ser,
no mínimo, severo em quem se espelha. Sua personalidade demonstra algumas
psicopatias como impossibilidades e desconforto em demonstrações de afeto, além
de um gosto especial por torturas, o que combinado com sua onipotência militar,
não foi algo irrelevante...
A governanta da casa se mostrava completamente insipiente para os da casa,
menos com Ophelia, e era ligada aos grupos rebeldes que lutavam contra o
governo. O médico também tem um papel muito importante na obra, assim como a
governanta, era aliado dos rebeldes. O interessante é que a governanta se liga
ao movimento de resistência por seu irmão fazer parte do movimento e o médico
não deixa claro o quanto de seu comprometimento com o movimento existe em razão
de seu sentimento pela governanta.
O ambiente em que se passa a
história foi muito bem escolhido, seja no tempo, em um período de guerra, seja
no espaço, mesmo sendo aquele um local de conflitos, a beleza do lugar consegue
aparecer e é encantadora.
O final do filme era, ao menos
para mim, já esperado e me fez recordar de “O Pequeno Príncipe”. Não vou contar
o que acontece, claro, deve ter alguém que, assim como eu, não assistiu ao
filme ainda... Mas me fez recordar a parte final desse livro. Sem contar que quando o roteiro não implica em nos direcionar no final para um só entendimento, o filme fica muito mais rico. E foi esse o caso!
Se você ainda não assistiu, pode
assistir tendo a garantia de angariar para a sua vida minutos preciosos e memórias
agradáveis para levar consigo.
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