Assistir a um filme “água com
açúcar” não é exatamente o que gosto de fazer e, quando o faço, é por pura
falta de opção. Entretanto, o filme “Como Água para Chocolate” não é realmente um
romance “água com açúcar” como pareceu para mim em um relance precipitado.
O filme é baseado no livro
homônimo de Laura Esquível e dirigido por seu esposo, Alfonso Arau. O que já
faz com que ele seja muito próximo ao livro e permite manter a visão da
escritora de uma forma mais intensa. Não li o livro, mas os comentários em
geral eram de que o filme é bem como o livro. O que para mim era um filme com
uma temática romântica boba, se transformou em um prato cheio para análises
variadas.
É interessante o período que o filme
aborda. México, início do século XX, México em plena revolução zapatista, mulheres
no comando no que tange ao ambiente da história. É mais ou menos isso já que o “homem
da casa” morreu pouco depois da filha mais nova nascer, por um ataque cardíaco
ao ter sua paternidade duvidada.
Pois bem, o nome do filme “Como Água
para Chocolate” tem absolutamente tudo a ver com a história! Essa é uma
expressão comum no México, onde o chocolate é uma bebida muito comum, e é
preparado não com leite, mas derretendo o chocolate na xícara com água
fervente. Daí a expressão, dizer que alguém está como água para chocolate é
dizer que a pessoa está a ponto de explodir, seja de amores, seja de ódio. E os
personagens são bem dessa forma, explosivos, rompantes de cólera e de amores
estão presentes ao longo das cenas.
A comida também é central na
história, o filme começa na cozinha e lá termina. Ela também serve de
canalização dos sentimentos de Tita, personagem central e que tomou para si a
responsabilidade pela alimentação na casa. A comida canalizava os sentimentos de
Tita e permitia a quem a experimentasse sentir o mesmo que ela sentia no
momento da feitura.
Outra coisa interessante, ao
menos para quem nasceu entre os anos 80 e 90, é que a mãe da personagem
principal, que é a grande vilã do filme, é também velha conhecida nossa. Se trata
da “senhorita do 24”, tia da Paty, do seriado “Chaves”, Regina Torné.
A busca pela quebra de tradições
desnecessárias e cruéis, a proximidade com o Texas e com os Estados Unidos faz
mesmo parecer que geograficamente, Estados Unidades e México eram bem mais
próximos do que são agora. Além de tudo, a poesia que paira pelo filme é sempre
inebriante e um acalento para tantas besteiras que andam sendo filmadas hoje em
dia!
Este é um filme que vale a pena
ser assistido para guardar na memória e recordar não só com a mente...
Alguns blogs, extremamente gentis, disponibilizam para assistir. É relativamente fácil de encontrar!
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