terça-feira, 12 de julho de 2016

Algo sobre o boom latino-americano


Julio Cortázar

Muitas pessoas já leram o termo atrelado ao nome de algum escritor laureado, mas muitas pessoas não sabem bem o que foi esse movimento - essa explosão - como o próprio nome diz, de escritores latino-americanos.

Pois bem, esse movimento data entre 1960 e 1970, não há uma data exata, mas os escritores mais contextualizados nesse movimento são: Julio Cortázar (Argentina), Jorge Luis Borges (Argentina), Carlos Fuentes (México), Mario Vargas Llosa (Peru) e Gabriel García Márquez (Colômbia).

Gabriel García Márquez
Mas por que estes autores e por que, especificamente neste período? Então, buscando na História, podemos verificar que esse era o período das ditaduras em praticamente toda a América Latina. Esses escritores tiveram de sair de seus países e foram para a Europa ou para os Estados Unidos. Lá, escreveram seus livros retratando todo um movimento vanguardista e se tornaram conhecidos pela Europa e pelo mundo.

Nesse período, entretanto, a literatura estava a todo o vapor e muitos nomes foram lançados e imortalizados por suas obras. O que fez com que esses fossem reconhecidos e não os outros? Boa parte do motivo se refere ao simples fato de estarem lá ou de manterem relações íntimas com Europa ou Estados Unidos. Basicamente a Europa detém o poder sobre as artes e decide o que é bom, ou não. Infelizmente ainda é assim, uma pura questão de poder e prestígio.

Mario Vargas Llosa
Antes disso, literatura latino-americana “não existia”. Não importa que Machado de Assis tenha feito tudo o possível e o impossível na literatura ou que Pablo Neruda nessa época já fosse Pablo Neruda com toda a força que esse nome contém. Há um tempo, lembro de ter lido uma reportagem de Chico Buarque ao lançar seu último livro e dizia sobre a diferença de como são recepcionadas suas obras na Europa. Lembrando que Chico Buarque não é só conhecido aqui no Brasil, mas é muito conhecido também no resto do mundo e suas músicas são muito bem recebidas, mas não seus livros. Ele dizia que a música vinda de um país como o Brasil é muitas vezes vista como uma manifestação exótica e bem recebida, mas o mesmo não acontece com os livros. A arte de escrever é considerada grande somente para os países de primeiro mundo, era como se escrever fosse uma arte que um país jovem como o Brasil, ou um país de terceiro mundo não poderia se enveredar.

Claro que não estou colocando como uma regra ou homogeneizando a coisa, mas acontece que muitos veem dessa maneira. Academicamente os livros de Chico Buarque estão passando a serem lidos e estudados só agora aqui no Brasil e isso, é sim, estarrecedor!

Enfim, resolvi escrever sobre esse movimento porque estou relendo um livro de contos de Cortázar “Todos os fogos o fogo”, o qual é bem interessante, mais tarde falo sobre ele...

Jorge Luis Borges

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